sábado, 23 de outubro de 2010

A primeira vez a gente nunca esquece!

Lembro como se fosse hoje. De um lado meu irmão, 3 anos mais novo, do outro eu. Mãos dadas com meu pai, passos firmes e constantes. Avenida Beira Rio tomada, o cheiro de churrasquinho, bandeiras, camisetas, a massa vermelha cantava, se espalhava. De cima uma chuva que não me incomodava e aquele friozinho na barriga que até hoje não sei explicar. O ano era 1996, mais precisamente 22 de setembro, domingo de chuva e frio na capital gaúcha. Todos os prognósticos apontavam o Grêmio como grande favorito, atual campeão da américa, um time competitivo, um treinador multi-campeão e sedento por vitória. Do nosso lado, a figura incontestável do zagueiro Gamarra e uma vontade imensa de vencer. Até aquele dia não tinha a idéia exata do que significaria um Grenal. Meu pai me levava apenas em jogos calmos, quase sempre no setor das cadeiras. Naqueles mais decisivos, alegava que apenas os espaços de arquibancadas estariam disponíveis, coisas de pai. Então, ficava em casa, apenas imaginando como seria aquele "Gigante" rugindo. Naquele domingo descobri. Logo da rampa pude avistar aquele mar vermelho, olhos atentos e perplexos. Estádio lotado, uma torcida apaixonada. Atrás do gol, distoando do restante, um aglomerado azul. Uma torcida que cantava animada, como se estivesse em seus próprios domínios, talvez um sinal de uma tarde desastrosa. O juiz apita, a saída é do Grêmio. Logo aos cinco minutos, um escanteio a favor do lado azul. Arce na cobrança. Não estava com um bom pressentimento. A bola viaja, passa pela zaga colorada, e sob o olhar atônito do zagueiro Tonhão, Paulo Nunes gira sobre o próprio corpo, algo como se fosse uma bicicleta, um velocípede, mas que acabaria no fundo das redes do então goleiro André. Grêmio 1 x 0. O lado azul animado via Paulo Nunes vibrar frente á torcida colorada, pulando em um pé só, como se fosse um saci. Uma provocação que até hoje não sai da minha cabeça. O primeiro tempo terminou equilbrado, o Inter empurrado pela sua torcida, pressionava. O Grêmio defendia-se. Intervalo, uma pausa para o bom e velho cachorro quente. Apenas um pão velho, salsicha e um refri sem gás. Mas, tudo bem, até isso parecia não ter importância. No rosto do meu pai, um ar de preocupação. Afinal, era o primeiro grenal que ele levava seus filhos. Volta do intervalo. Mais motivado o Inter parecia querer a vitória. A torcida canta, o lado vermelho agora parece mais aceso. 7 minutos do segundo, chuva torrencial, bola para o meia Murilo, Danrlei sai do gol, bola desviada, gol do inter! Subo na cadeira, meu pai me abraça, abraço meu irmão, lágrimas nos olhos, uma sensação que nunca mais vou esquecer. Parecia tudo perfeito, festa nas arquibancadas. O Inter melhor, a torcida jogava junto, o mar vermelho em sinergia se animava. Aos 21 minutos, falta para o Grêmio, tiro frontal, barreira formada na meia lua do arqueiro André. Arce posicionado, silêncio no estádio, apenas o barulho da chuva que teimava em cair. O golpe mortal. A barreira salta, e inesperadamente Dinho parte para cobrança e por baixo, coloca a bola no canto esquerdo do gol colorado. Mais uma vez o lado azul vibrava. Sentado nas cadeiras, observava os movimentos. O Inter insistia, alçava a bola na área tricolor, insistentemente. O Goleiro Danrlei brilhava. Ainda restava uma ponta de esperança, o tempo passava, o campo parecia cada vez menor, a bola parecia fugir. Os olhos de meu pai demostravam uma tremenda decepção. Queria poder dizer algumas palavras, mas meus olhos estavam fixo no campo, hipnotizados. Enfim, o apito final. Derrota colorada. O lado azul vibrava e de longe parecia provocar os 40 mil colorados, que cabisbaixos caminham em direção aos portões de saída. Aquele dia marcaria para sempre minha vida. Não sei bem o motivo, mas meu coloradismo cresceu. Nasci e vivenciei os anos dourados do rival, no colégio, na roda de amigos. Sozinho, por várias vezes defendi as cores alvirubras. E meu orgulho de ser colorado, sempre ali, vivo e aceso, pois nada no mundo mudaria meu orgulho de torcer para o Internacional. 14 anos depois, cá estou. Bi campeão da libertadores, campeão do mundo, um verdadeiro campeão de tudo. Mais um grenal se aproxima, e aquele friozinho na barriga ainda permanece.. Abraços e saudações coloradas!

6 comentários:

  1. Muito bom teu post!

    Parabéns pelo blog..

    Grande abs Bento

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  2. Valeu Bentão!

    Grande Abraço pra você também..

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  3. D'Ale, D'Ale, esse é o nosso camisa 10, camisa 100 e quem sabe camisa 1000, o gringo não tem medo de gazela, não tem medo de cara feia ou reclamação, e até mesmo ignora as vaias das gazelas preocupadas com ele. Mais 3 minutos de jogo, sairiamos com a vitória. Mas o empate já ajudou um monte. Parabéns pelo Blog, vou segui-lo, se quiser seguir o meu Blog sinta-se em casa!
    Grande abraço!

    Rudinei

    http://coloradosdeplantao.blogspot.com/

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  4. Valeu Rudinei!

    Vou seguir sim, já dei uma olhada lá!

    abraços e saudações!

    Espero você mais vezes por aqui!

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  5. Parabéns pelo blogaço, daqui do Pantanal cuido de um com eventuais postagens - + flautísticas - sobre o Big Inter (é sobre propag.) mas visite-o, verei também o outro citado acima, sendo Colorado, estamos sempre na área, rumo ao Bi-Mundial!! puracatapora.blogspot.com.

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  6. Grande Almir,

    Obrigado pela visita e pelos parabéns. Afinal, tudo é feito com muito carinho para nosso querido Internacional. Estou dando uma olhada no seu blog agora. Também sou um apaixonado por propaganda!

    Apareça mais vezes!

    Grande abraço e saudações do campeão de tudo!

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