segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O homem grenal

Não sei bem o motivo, mas este grenal estava me causando grande ansiedade. Alguns minutos antes do apito inicial, parei e por alguns segundos fiquei a imaginar todos os desfechos possíveis para este confronto. Talvez um placar magro, jogo de meio campo, jogo truncado, gol de bola parada. Sabia que uma vitória do rival, daria a mais improvável das esperanças. Uma vaga na libertadores e até mesmo a possibilidade de um título. O jogo começa, o Inter com mais volume, parece querer a vitória, encurrala o Grêmio em seu campo, troca passes, envolve o adversário. O tempo passa, o gol não vem. 15 minutos de jogo, o Grêmio parece se acertar, é mais contundente em suas investidas, leva mais perigo. O colorado se defende. Aos 24 minutos, Douglas, o camisa 10 gremista. cobra falta. Confusão na área vermelha, empurra-empurra, um leve toque na bola e André Lima desvia a bola de Renan. O lado azul em extâse comemora, Grêmio 1 x 0. Com a vantagem a seu favor e empurrado pela sua torcida, o Grêmio parece querer mais, parti pra cima. Por outro lado, o Inter apático, vê o rival jogar. Desnorteado em campo, paga o preço pela falta de eficiência no ataque. Celso Roth prevendo um Grêmio ofensivo, povoou o meio campo. Colocou Glaydson no lugar do lesionado Tinga. Sua missão era impedir que Jonas jogasse. Naquele momento, uma estratégia equivocada. O Primeiro tempo termina, e o Inter escapa de uma goleada. Sentado no sofá da sala, perna pra cima, tento imaginar o vestiário colorado. O que Roth poderia dizer para os jogadores? Quem poderia entrar? Talvez, o Inter realmente não quisesse vencer. O Segundo tempo começa, apenas uma alteração, Rafael Sobis no lugar de Glaydson. Uma tentativa de recuperar o tempo perdido. Nada muda. O Grêmio continua em cima, cria as melhores chances, o Inter recua. Um time estático, sem vontade. Aos 15 minutos após chute de Rafael Sobis, Alecsandro em posição irregular, empurra a bola para as redes, a arbitragem bem posicionada assinala. Eis, que surge o grande personagem deste jogo, Andrés Nicolas D´alessandro, o camisa 10 colorado. Em dois chutes fulminantes, ele obriga o goleiro Victor, a duas grandes defesas. Em uma delas, ele joga bola para escanteio. Uma esperança, uma excelente oportunidade. Dale, corre para cobrança. De pé esquerdo coloca a bola na cabeça do xerife Índio. Cabeçada forte, com raiva, a bola vai entrando. Fábio Rochemback com as mãos impede o gol. Simon não tem dúvidas, marca penâlti e expulsa o meio campista tricolor. Alecsandro parti para cobrança, bola forte, no meio do gol. A bola ainda desvia nos pés de Victor, mas acaba no fundo das redes. Gol do Inter, 3 mil vermelhos fazem a festa. Com um jogador a mais, empurrado pela sua torcida, o inter joga pra frente, e obriga o rival a recuar. Porém aos 25 minutos, após envolvente troca de passes, Fábio Santos, o contestado e a vaiado lateral gremista, infiltra-se entre a zaga colorada, e de bico, não dá chances para o goleiro Renan. O Grêmio mais uma vez ficava na frente do marcador. Ainda restava 15 minutos, as esperanças eram cada vez menores, o Inter havia sentido o gol. O lado azul enlouquecido, vibrava a cada chutão da zaga gremista, a cada lance que afastasse qualquer possíbilidade de ataque colorado. O Inter tocava bola para o lado, procurava o melhor momento, um espaço, uma chance qualquer. Até que aos 38 minutos, D´alessandro recebe bola na entrada da área, gira sobre o próprio corpo, bate com força suficiente para tirar do alcance do goleiro rival e vê a bola morrer no fundo das redes. Naquele momento, o grito entalado desprendeu-se da garganta, o corpo adormecido saltou em disparada e o coração colorado bateu mais forte, o homem grenal brilhava mais um vez. Um golpe mortal para os 40 mil gremistas que ecoavam seus cantos naquele final de tarde, já comemorando uma vitória suada. D´alessandro exausto, corre para os braços da torcida, que aliviada, faz reverência ao "Homem grenal". Abraços e saudações vermelhas.

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