Se o poeta rockeiro Raul Seixas estivesse vivo, talvez ele cantarolasse " - Essa noite eu tive um sonho de sonhador, maluco que sou eu sonhei, com o dia em que a terra parou". Os versos de Raul me levam em pensamento à noite de 17 de dezembro de 2006. O sono que insistia em não vir, a angústia, o grito preso na garganta, aquele friozinho na barriga que não se pode explicar, ás horas que não passavam, os pensamentos que se confundiam em meio a tanta expectativa. O rádio que não desliguei, saudava uma manhã que entraria para sempre na memória de cada colorado, em cada pedaço deste mundo. Acorda colorado, dizia o locutor. Voz embargada, olhos lacrimejando, mãos que tremiam, resolvi preparar um café. Nas ruas, crianças, adultos, velhos, todos anciosos, aguardando o grande momento. Para mim foram 20 de anos de espera, para cada colorado uma contagem diferente, enfim, o grande momento chegou. O juiz apita, Yohokama, Japão, Internacional, Barcelona, surreal. Não posso dizer que só o fato de estar disputando um mundial contra um dos clubes mais poderosos e vencedores do mundo, já não era um conquista, mas durante os primeiros 45 minutos de bola rolando não consegui piscar, sequer uma vez. Fim de primeiro tempo, a ficha começou a cair, o placar zerado começava a dar uma timída esperança a milhares de colorados.
O Inter jogava de forma imponente, tocava bola no campo catalão, empurra o Barcelona para defesa e criava chances. Retorna ao campo o time colorado, no rosto de cada jogador, semblante de concentração, o jogo da vida. Recomeça o jogo, o Barcelona enfim resolve atacar, o Internacional defende-se bem, o jogo toma tons dramáticos, Pato sente caimbras e é substítuido. Índio quebra o nariz e continua no jogo, Fernandão sente caimbras e Abel Braga chama Adriano Gabirú, jogador contestado, por vezes vaiado dentro do próprio Beira Rio. O destino quis que este jogador substituisse o melhor jogador colorado, no dia mais importante da história do clube. Quis o destino que este mesmo jogador, recebesse passe do "iluminado" Iarley, dominasse e friamente tocasse a bola sob o goleiro Valdez, tornando assim o autor do gol mais importante da história do Sport Club Internacional. Maluco seria o torcedor colorado que um dia imaginou este momento, maluco ou quem sabe sonhador, seria o colorado que imaginou que após 4 anos mais uma vez, lá novamente estaríamos. Talvez na noite anterior você não durma, talvez você fique horas imaginando, sonhando. Mas, este é o seu dia, torcedor colorado. Seremos mais uma vez, malucos sonhadores e pintaremos o mundo novamente de vermelho, e lembraremos do dia em que a terra parou, pela segunda vez...
A hora está chegando.. Abu Dhabi é logo ali!
Saudações coloradas!


Enfim, o Inter dá adeus ao campeonato brasileiro. Jogo dinâmico, com chances para os dois lados. As melhores delas, disperdiçadas mais uma vez por nossos atacantes. Dois jogos decisivos, contra adversários diretos pelo título, e não saimos de dois empates frustrantes. Se lembrarmos que estamos a mais de 30 anos na fila do campeonato brasileiro, e que o "quase" tem sido um terrível pesadelo nos últimos anos, eu ficaria triste, talvez até decepcionado. Entretanto, torcedor colorado, somos o atual campeão da taça mais cobiçada e disputada das Américas. Nos últimos 4 anos conquistamos em instâncias internacionais, todos os títulos que um clube pode almejar. Em Dezembro temos a possibilidade de conquistar o bi campeonato do mundial de clubes Fifa, o único clube do Brasil a alcançar este feito, já que o mesmo foi reconhecido pela Fifa somente apartir de 2000. No discurso, o Inter ainda mantinha as esperanças do seu torcedor em finalizar o ano com a faixa de tetra campeão brasileiro. No campo, a história foi diferente. Não faltou vontade, não faltou garra, nada disso. Faltou querer, desejar. Isto mesmo, desejar, como desejamos contra o Estudiantes em La Plata, gol no apagar das luzes, gol na fumaça. Aliás, no futebol isso é tudo.
O brasileiro, apartir de agora servirá de treino de luxo para nossos jogadores, e principalmente para nosso técnico. Discordo dos gritos de burro, das vaias. Torcedor é passional, eu entendo. Mas o momento agora é de compreensão. Alecsandro não é o culpado pelos gols que não acontecem, afinal a bola não tem chegado lá. Rafael Sobis não está no seu melhor momento, mas está fora de posição. Wilson Mathias, " o espetacular", desculpe Fernando Carvalho, mas não tem nada de espetacular. É um jogador modesto, comete muitas faltas, não compromete, mas não é o substituto de Sandro. Celso Roth terá bastante tempo para identificar carências e promover as mudanças que não necessárias. Enfim, em dezembro, não faltará o ' desejar".
Dito isso, informo que o blog do Perneta concentrará todas suas atenções no mundial de clubes. A Internazionale de Milão, possível adversário numa emocionante final, receberá atenção especial. A marcação implacável, começa agora. O coração colorado, já começa a palpitar forte, o sangue vermelho, mais vermelho do que nunca. Portanto, torcedor colorado. Avisa lá, que a Abu Dhabi é logo ali.
Até lá.


Não sei bem o motivo, mas este grenal estava me causando grande ansiedade. Alguns minutos antes do apito inicial, parei e por alguns segundos fiquei a imaginar todos os desfechos possíveis para este confronto. Talvez um placar magro, jogo de meio campo, jogo truncado, gol de bola parada. Sabia que uma vitória do rival, daria a mais improvável das esperanças. Uma vaga na libertadores e até mesmo a possibilidade de um título. O jogo começa, o Inter com mais volume, parece querer a vitória, encurrala o Grêmio em seu campo, troca passes, envolve o adversário. O tempo passa, o gol não vem. 15 minutos de jogo, o Grêmio parece se acertar, é mais contundente em suas investidas, leva mais perigo. O colorado se defende. Aos 24 minutos, Douglas, o camisa 10 gremista. cobra falta. Confusão na área vermelha, empurra-empurra, um leve toque na bola e André Lima desvia a bola de Renan. O lado azul em extâse comemora, Grêmio 1 x 0. Com a vantagem a seu favor e empurrado pela sua torcida, o Grêmio parece querer mais, parti pra cima. Por outro lado, o Inter apático, vê o rival jogar. Desnorteado em campo, paga o preço pela falta de eficiência no ataque. Celso Roth prevendo um Grêmio ofensivo, povoou o meio campo. Colocou Glaydson no lugar do lesionado Tinga. Sua missão era impedir que Jonas jogasse. Naquele momento, uma estratégia equivocada. O Primeiro tempo termina, e o Inter escapa de uma goleada. Sentado no sofá da sala, perna pra cima, tento imaginar o vestiário colorado. O que Roth poderia dizer para os jogadores? Quem poderia entrar? Talvez, o Inter realmente não quisesse vencer. O Segundo tempo começa, apenas uma alteração, Rafael Sobis no lugar de Glaydson. Uma tentativa de recuperar o tempo perdido. Nada muda. O Grêmio continua em cima, cria as melhores chances, o Inter recua. Um time estático, sem vontade. Aos 15 minutos após chute de Rafael Sobis, Alecsandro em posição irregular, empurra a bola para as redes, a arbitragem bem posicionada assinala. Eis, que surge o grande personagem deste jogo, Andrés Nicolas D´alessandro, o camisa 10 colorado. Em dois chutes fulminantes, ele obriga o goleiro Victor, a duas grandes defesas. Em uma delas, ele joga bola para escanteio. Uma esperança, uma excelente oportunidade. Dale, corre para cobrança. De pé esquerdo coloca a bola na cabeça do xerife Índio. Cabeçada forte, com raiva, a bola vai entrando. Fábio Rochemback com as mãos impede o gol. Simon não tem dúvidas, marca penâlti e expulsa o meio campista tricolor. Alecsandro parti para cobrança, bola forte, no meio do gol. A bola ainda desvia nos pés de Victor, mas acaba no fundo das redes. Gol do Inter, 3 mil vermelhos fazem a festa. Com um jogador a mais, empurrado pela sua torcida, o inter joga pra frente, e obriga o rival a recuar. Porém aos 25 minutos, após envolvente troca de passes, Fábio Santos, o contestado e a vaiado lateral gremista, infiltra-se entre a zaga colorada, e de bico, não dá chances para o goleiro Renan. O Grêmio mais uma vez ficava na frente do marcador. Ainda restava 15 minutos, as esperanças eram cada vez menores, o Inter havia sentido o gol. O lado azul enlouquecido, vibrava a cada chutão da zaga gremista, a cada lance que afastasse qualquer possíbilidade de ataque colorado. O Inter tocava bola para o lado, procurava o melhor momento, um espaço, uma chance qualquer. Até que aos 38 minutos, D´alessandro recebe bola na entrada da área, gira sobre o próprio corpo, bate com força suficiente para tirar do alcance do goleiro rival e vê a bola morrer no fundo das redes. Naquele momento, o grito entalado desprendeu-se da garganta, o corpo adormecido saltou em disparada e o coração colorado bateu mais forte, o homem grenal brilhava mais um vez. Um golpe mortal para os 40 mil gremistas que ecoavam seus cantos naquele final de tarde, já comemorando uma vitória suada. D´alessandro exausto, corre para os braços da torcida, que aliviada, faz reverência ao "Homem grenal".
Abraços e saudações vermelhas.